23/10/12
DIA de ENFERMAGEM da AEPOT
19 DE OUTUBRO 2012
Centro de Congressos do
Hotel Tivoli Marina de Vilamoura
Boa tarde, venho apresentar-vos o tema “Papel do Enfermeiro de Consulta Externa em doentes com patologia do Tornozelo” e falar vos
também do perfil do enfermeiro na consulta externa de ortopedia, do papel do enfermeiro; da consulta externa de ortopedia e claro do tornozelo:
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Vamos falar muito mais do perfil do enfermeiro na consulta, do espaço, e como ao longo dos anos temos desenvolvido a nossa actividade profissional sempre em ortopedia que vi nascer de um serviço de internamento de cirurgia geral a quarta cirurgia homens, apelidado de Vietname, que se transformou em traumatologia 2, e onde sempre trabalhei ao longo dos anos até chegar a consulta de ortopedia nestes últimos anos.
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Quando contactado pelo Enf. Rui a quem quero agradecer o prazer de me permitir estar aqui presente, bem como a toda a comissão organizadora pelo dia que nos está a oferecer, lembro do que lhe disse, porquê eu, estou velho e cansado, mas vou te dar nomes de alguns jovens promissores e com talento. Pois lá me convenceu a falar da minha experiência e é isso que vos venho tentar dar. Trago vos fotos feitas com telemóvel e no meu serviço e faço uma reflexão do que penso ser a consulta de ortopedia dos hospitais da universidade de coimbra, hoje centro hospitalar.
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Já agora, Não deixem de ver os poster aqui apresentados no congresso, dos nossos colegas enfermeiros, trabalhos dignos e com grande qualidade que espero possam ser reunidos em alguma publicação, deixo o repto.
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A articulação do tornozelo ou tíbio-társica liga dois ossos da perna ao astrágalo.
Trata-se de uma articulação troclear unida por uma cápsula e ligamentos.
A tíbia e o perónio formam a superfície articular correspondente á superfície astragaliana.
A cápsula articular é fina e é reforçada por bainhas fibrosas.
Os ligamentos laterais classificam-se em externo e interno.
Ao longo do tempo o Serviço de Consultas Externas tem tido uma grande importância humana, social e técnica no conjunto dos serviços de um hospital.
As consultas externas contribuem decisivamente para a melhoria da saúde dos doentes e podem evitar internamentos, beneficiando assim os doentes e melhorando a rendibilidade do hospital.
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É muito provavelmente, a principal porta aberta aos doentes de um hospital geral.
Para muitos doentes as consultas externas são o primeiro contacto com a vida hospitalar, em que a grande maioria dos doentes conhece o hospital, e é mesmo pela consulta externa que tem acesso ao seu primeiro internamento sendo um dos serviços hospitalares de maior importância para os doentes embora não esteja enroupado com o misticismo do bloco operatório ou aufira a publicidade da urgência, com uma equipa multiprofissional, desde o assistente social até ao administrador, que se permite ter um enfermeiro para a triagem de Manchester e ainda outro para prestar toda a informação e esclarecimento aos familiares e interessados na evolução do estado clínico do doente em urgência.
Na consulta temos de ser tudo isto.
Temos alguns gabinetes de consulta equipados (sete) que são ocupados entre as 9 e as 20 horas nos dias úteis, uma sala de espera, WC para utentes, e para funcionários, secretariado para recepção dos doentes e outro espaço de secretariado para preparação dos processos, sala para Rx, sala de gessos, sala de tratamentos/pensos e sala de infiltrações; aqui pretende-se uma zona o mais limpa possível para o grande número de actos médicos onde colaboramos na preparação de doentes para infiltrações articulares, dos tecidos moles, ou mesmo viscosuplementação articular, deixamos para a sala de tratamentos a grande maioria dos tratamentos, pensos e outros actos de enfermagem.
É na sala de gessos que fazemos os restantes tratamentos inerentes a este espaço e que todos vós bem conheceis.
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Perfil é o conjunto de características ou competências necessárias ao desempenho de uma actividade.
Tal como nos é apresentado pela AEPOT no seu documento “Perfil de competências do enfermeiro na área de ortopedia traumatologia “ o perfil de competências do enfermeiro na consulta de ortopedia deve reunir as atribuídas pelo estatuto da carreira de enfermagem, definidas pelo Conselho de Enfermagem e caracterizadas pelo Regulamento do exercício profissional dos enfermeiros.
a) Trabalhar em colaboração e articulação com outros grupos profissionais, em particular com o corpo clínico….
b)
c) Executar ou colaborar na realização de aparelhos gessados, tracções e a colocação de ortóteses, tendo sempre a atenção dirigida para o reconhecimento e identificação, precoce, da presença de sinais de comprometimento neuro-vasculares e motores dos segmentos afectados;
d)
e) …
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Outras características, que julgo, serem importantes para os novos profissionais numa consulta de ortopedia:
- tempo na profissão (mais de cinco anos de experiência profissional e com ainda mais de 10 anos até a aposentação),
- o interesse na especialidade com conhecimentos da especificidade da orto-traumatologia em internamento, bloco operatório ou em urgência,
- ter tempo disponível para horário fixo com as sempre perdas de compensações económicas.
Em suma, revejo me nestas características ao ter optado pela consulta, abandonei o serviço de internamento, deixei a função de enfermeiro de reabilitação e integrei uma equipa de enfermagem na consulta externa de ortopedia com horário de 35 horas nos dias úteis e fiquei com tempo para ser enfermeiro desportivo na Associação Académica de Coimbra, mas hoje e já na curva descendente do auge da minha carreira profissional, posso afirmar que já só faço o que gosto, nem todos o poderão afirmar , pelo que vou dando lugar aos novos, tanto no desporto como no hospital.
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Lembro uma conversa com o meu superior hierárquico, dizia ele “ Enf. Venda, (que sou eu) tens de começar a preparar o futuro da nossa consulta, qualquer dia reformaste e temos que arranjar alguém com o perfil ideal para dar continuidade ao teu trabalho, tem que ser alguém jovem, interessado com conhecimentos da especialidade, temos que pensar nisso.
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Penso que a opinião geral é que nas consultas somos velhos, à espera da reforma, com problemas ou de saúde ou outro. É normal a pergunta “não há lá uma vaga para mim, estou farto daquele serviço, de fazer noites, quando souberes diz-me!”
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Quando um colega do serviço se aposentou, e foi substituído, era normal aos jovens enfermeiros, uma integração ao hospital e em cerimonia publica, todos os chefes e responsáveis de serviço iam receber os novos elementos no auditório principal do hospital, calhou me essa tarefa como enfermeiro responsável do serviço, e quando ouvi do meu superior hierárquico, o meu nome, me levantei para receber uma jovem que a pelos pulmões disse:
- para a consulta não vou, vou é já para outro hospital,
Sentei me de mansinho e pensei, na mais valia e como era bem-vindo o perfil desta bela jovem enfermeira, acabadinha de sair da escola, sem vícios, era uma prenda demasiada para o serviço, pois e ficamos à espera.
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Mas logo em breve, o nosso problema foi resolvido, da dotação do serviço “ Enfº Venda vais integrar no serviço um colega novo, mas com alguns anos de profissão, tem estado de atestado médico por doença, temos de o ajudar, não tenho melhor sítio para o colocar, como enfermeiros incentivamos os nossos doentes à integração profissional protegida, à ocupação profissional, porque não o fazemos aos nossos colegas, ele vem colaborar contigo, vê lá convém que esteja acompanhado, vai o integrando, ele qualquer dia mete os papeis. Pois é, temos estado a falar do tal perfil profissional do enfermeiro na consulta externa de ortopedia, pois é …
Nota: qualquer semelhança com a realidade é pura ficção.
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Papel do enfermeiro na consulta de ortopedia
(papeis são actos que se praticam; é maneira de proceder; é uma atribuição, uma
função;
Temos muitos papeis, embora não goste particularmente da palavra papel, podemos e devemos ter um papel:
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Empático, //
temos de procurar ter uma relação de ajuda, quando o doente nos procura, e a exemplo do que penso da vida, posso afirmar que quando casamos nem sempre é para toda a vida, não é verdade…. já o doente quando nos conhece é mesmo para toda a vida, para o bem e para o mal até que a vida nos separe.
Volta que não volta, ele lá nos aparece, passados dias ou mesmo anos, iremos ser mais próximos, confidentes, educadores, mas sobretudo cuidadores.
Relembro, um dia de verão, em que passeava na marginal da figueira da foz, quando um jovem casal e de raça cigana, muito bonitos, e elegantemente bem vestidos se dirigiam para mim a sorrir, tentei desviar o olhar e o trajecto e levei com um forte abraço nos “costados” que quase perdi a respiração, de susto, “ então enfermeiro não me conhece? olhe o meu braço? Pois … sinceramente já não me lembrava e ficámos ali a lembrar estorias tristes mas agradáveis de ouvir.
Higiénico, //
ter a disponibilidade para naquele momento, com o doente bem instalado na sala de tratamentos com condições físicas e materiais para permitir uma boa lavagem, limpeza e remoção dos resíduos, caso seja necessário, hoje poucos são os doentes que precisam desta atitude, tenho a maior consideração e respeito pelos jovens enfermeiros das USFs e que dão uma excelente continuidade de cuidados aos portadores de lesões da pele, suturas cirúrgicas ou outros meios de tratamento como fixadores externos do tornozelo, a quem sempre pedimos e instruímos ao doente ou familiar para uma boa higiene diária, lavagem com agua e sabão, secagem e desinfecção com álcool a 70º e aplicação de um óleo (pode ser de girassol), isto no domicilio .
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Educador
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é mesmo esse o nosso papel em cada momento de contacto com o doente e o familiar, modificar hábitos quando incorrectos, formas de locomoção, temos de nos preocupar com a marcha permitida a um portador de uma lesão do tornozelo, seja o nosso doente submetido a uma cirurgia com fixação interna, seja portador de uma fixação externa ou mesmo de uma imobilização gessada ou ortótese, damos toda a informação pertinente e podemos mesmo demonstrar na consulta, caso seja sentida essa dificuldade, a ultrapassar barreiras, subir e descer escadas, rampas, rectificar posturas de marcha, corrigir e propor altura dos auxiliares de marcha, (sejam canadianas, muletas, andarilhos), quando os sentimos incorrectos.
O aumento do peso, pode não ajudar em nada a marcha, dificultando-a e agravando a sobrecarga articular do tornozelo afectado ou mesmo do contra lateral, por sobrecarga.
Aconselhamos uma alimentação cuidada, e racionada, relembramos que a diminuição da locomoção imposta pela lesão do tornozelo tem os efeitos indesejáveis de alteração da motilidade intestinal, edemas residuais, pelo que aconselhamos a mobilidade possível, treino de marcha, ingestão de líquidos, entre outras.
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Tradutor //
não no sentido lato, mas como colaborador da consulta externa, o enfermeiro tem perante si o doente e o familiar saídos de uma consulta ainda com algumas dúvidas que temos de esclarecer, sem complicar, estar conscientes das propostas clínicas e para isso temos mesmo de conhecer o clínico, caso contrario, voltamos a interroga-lo da sua pertinência da proposta, de forma a poder esclarecer o doente e o familiar.
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Comunicador //
devemos estabelecer uma comunicação verbal, e algumas vezes até gestual para perceber as duvidas e os anseios do doente em relação ao seu estado actual, ás dificuldades no seu domicilio, quem é o familiar de referência que o acompanha diariamente, onde, quem e como faz o penso, se for caso disso, mas ouvir e fazer se ouvir das nossas propostas da continuidade dos cuidados de saúde, onde pode recorrer em caso de necessidade, ao nosso serviço, nas horas de funcionamento, à urgência, o nosso contacto telefónico do serviço, o nome dos enfermeiros.
Normalmente, prefiro o contacto visual ao telefónico, mas quando o doente dista do domicílio ao serviço uma grande distância, podemos sempre emitir uma informação oportuna.
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Criativo //
muitas vezes e à boa maneira portuguesa, temos de ser desenrascados, adaptando talas, construindo “pontes “ em pensos, criando ortóteses, adaptando “carrapetas” nos terminais dos fixadores externos, fazendo gessos de contacto com janelas na região plantar para execução de pensos.
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Para que a montagem dos fixadores externos se mantenha integra, é importante rever com uma chave 10/11 testamos e reapertamos as porcas que possam estar a perder a sua função, criando alguma instabilidade e acelerando o processo de inflamação do periósteo e reacção dos tecidos moles
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