09/05/08

Remoção de aparelhos gessados







Remoção de aparelhos gessados


A maioria dos doentes têm uma má recordação do dia em que retiraram um gesso.

Esquecem a dor da fractura, mas lembram-se do sofrimento de cortar o gesso.


Mesmo os profissionais mais experientes e compreensivos não valorizam as queixas e receios dos doentes e iniciam a remoção do gesso sem preparar o doente física e psicologicamente, diminuindo o seu nível de ansiedade. Antes de retirar um gesso devemos explicar ao doente o que vamos fazer, o imenso barulho que a serra faz e que iremos ser cautelosos na remoção do gesso.


A serra de gessos é uma serra eléctrica de disco vibratório que é usada nos nossos dias, emite um ruído enorme e desagradável, tem acoplado um sistema de aspiração para as partículas e o pó que se libertam do gesso.
Nas regiões articulares, onde há proeminências ósseas, o gesso deve ser cautelosamente seccionado aos milímetros e lentamente com multipunções sem arrastar a lâmina do gesso, pressionando com firmeza contra o gesso, até se aperceber da falta de suporte duro e quando se ergue a lamina e se avança 1,5 cm na direcção do corte. O aparelho é cortado por uma série de pressões alternadas e sucessivas ao longo da linha de corte.
A lâmina vibratória, não produz corte giratório, mas ao vibrar corta o gesso e aquece pela resistência provocada pelo gesso, ainda mais notório nas resinas sintéticas, pode queimar os tecidos, a pele se houver deficiente almofadamento, e grande pressão no mesmo local de encontro à pele ou saliências ósseas.

Devemos sempre fazer dois cortes longitudinais de forma a criar duas valvas, posterior e anterior, para que ao ser retirado o membro da imobilização não faça movimentos anormais de rotação e instabilize a fractura ainda recente.
De todos os materiais para retirar um gesso, a serra eléctrica sendo cautelosamente usada é um instrumento sem perigos, desde que haja almofadamento adequado do aparelho gessado e alguma experiência e cuidado no seu uso.

Após retirar o aparelho gessado, lavar a área com água e sabão, no membro inferior pode-se aplicar uma contenção elástica, porque a circulação que se habituara a uma contenção externa rígida, subitamente retirada, pode causar desenvolvimento de pronunciado edema. Sem tratamento, o edema pode recidivar diariamente por vários meses e até anos. Tal como no membro inferior, também no membro superior após a lavagem e secagem devemos colocar um creme gordo para auxiliar na remoção da camada de células descamadas e mortas que nos aparecem na pele da região imobilizada. Passados um a dois dias, voltamos a fazer uma nova limpeza da região com água e sabão e retiram-se as crostas sem escarificar a pele ou suturas recentes.
O doente já sem a imobilização pode queixar-se de dor e rigidez na área antes imobilizada, devido ao tempo prolongado em que esteve imobilizado. Devemos apoiar de maneira que fique na posição em que estava no aparelho gessado ou mesmo, colocar em uma das valvas retiradas do gesso de preferência a posterior, apenas para alguns dias e adaptar com ligadura de pano ou semielástica.
Estimular o doente a continuar com os exercícios isométricos e a progredir com o programa de reabilitação, ou outra etapa do tratamento.

3 comentários:

Unknown disse...

Olá!
Quero apenas felicitá-lo pelo seu fantástico blog. Sem dúvida esclarecedor, com muita pertinência e um exemplo a seguir para a construção do conhecimento científico em enfermagem. Posso ainda acrescentar que já me foi muito útil. Trabalho num serviço no interior e que muitas vezes tem que resolver pequenas questões de especialidade (como a ortopedia) e que claro que sobra sempre para os enfermeiros...

Continue assim!

Anónimo disse...

olá! Vim só, tal como prometido, contribuir com mais 0.20€ ;) parece-me que vou aprender alguma coisa com todo o material que aqui tenho para ler :) obrigada pelas explicações desta menahã e até por me ter "chocado" com algumas realidades. Felicidades

wilson disse...

tire sua dúvidas sobre imobilizações ortopédicas.

wilson-cesar2004@ig.com.br