30/05/07

Ligadura Gerdy/Velpeau , cruzado posterior

De:
Apontamentos das lições sobre ligaduras segundo o programa das Escolas de Enfermagem
Por José Pinto Teles - monitor chefe da Escola de Enfermagem do Doutor Ângelo da Fonseca - 2º edição actualizada


No ensino, a prelecção, a demonstração e a técnica são elementos fundamentais; mas por si sós, não bastam à educação perfeita dos alunos. É indispensável a leitura.
Doutor Ângelo da Fonseca

Ligadura de Gerdy


Material - Duas ligaduras de 10mx15cm



Técnica

(para o membro superior direito)

- Membro em ângulo recto, encostado ao peito.
1º Tempo: inicia-se por tês circulares sobrepostas passadas em torno do tórax e por cima do braço direito para fixar de encontro ao peito. Depois destas concluídas dá-se inicio ao:
2º Tempo: três diagonais de suspensão do antebraço que se executam pela técnica seguinte: conduz-se o rolo por debaixo do cotovelo até atingir o punho do ante braço doente; a partir daqui sobe em diagonal ao ombro do lado oposto, desce obliquamente pelo dorso até atingir o meio do ante braço; fazer a segunda volta de suspensão, num percurso igual à primeira; a terceira passa pelo cotovelo e segue a mesma trajectória das duas primeiras.
Concluídos estes dois tempos, dá-se início ao
3º Tempo: três oitos de suspensão e fixação do braço que seguem o percurso seguinte: a ligadura que está no dorso, caminha para a frente e faz nela meia circular na parte média da face anterior do tórax, a cobrir o braço direito. Em chegando à face lateral do hemitórax oposto sobe em oblíquo ao ombro direito, desce pela face anterior do braço até ao cotovelo, que contorna, e sobe ao ombro onde cruza com a passada descendente. Do ombro segue em diagonal para o hemitorax do lado esquerdo onde vai encontrar o início deste oito toraco-braqueal.
Repete-se este percurso dando-se mais duas voltas em oito que fazem espiga do ombro, de fora para dentro.
Conclui-se com o
4º tempo: três ou quatro circulares horizontais e oblíquas que devem, ao longo do braço, cobrir o algodão.

Técnica


(para o membro superior esquerdo)
- técnica idêntica à anteriormente descrita. Há apenas que alternar a posição do rolo da ligadura.
Enquanto no braço direito o rolo caminha da esquerda para a direita, isto é, a ponta inicial na mão esquerda e rolo na direita, para o membro esquerdo o rolo caminha da direita para a esquerda - ponta inicial na mão direita e rolo na mão esquerda.
Concluído o Gerdy, é indispensável suspender a mão doente com um lenço pequeno, que se fixa à ligadura.




Ligadura de Velpeau
Ligadura utilizada na imobilização das fracturas da clavícula.


Material- Duas ligaduras de 10m x 0,15m

Posição do membromembro superior flectido em ângulo agudo, encostado ao peito e com os dedos da mão (do lado doente) apoiados à clavícula do lado contrário.

Técnica (do braço direito)


- Inicia-se por três circulares horizontais ao nível do cotovelo, a fixar o membro doente de encontro ao tórax.
Concluídas estas circulares e a partir da face lateral do hemi-torax esquerdo, o rolo sobe no dorso em diagonal até ao bordo externo do ombro, desce ao longo da face anterior, contorna o cotovelo, sobe pela face posterior do braço até ao ombro, onde cruza a passada precedente, para em seguida descer em diagonal no peito até a o inicio do oito.
A partir daqui faz-se uma circular horizontal e uma vez esta concluída dá-se início a outro oito no percurso do primeiro; no ombro cruza e faz espiga de fora para dentro, isto é, do bordo do ombro para o pescoço.
Cada um destes oitos é seguido de uma circular horizontal.
Feitos pelo menos três oitos e três circulares horizontais, termina-se a ligadura com duas circulares a sobrepor as iniciais.

Técnica (para o braço esquerdo)


Inicia-se com circulares, como na anterior.
A primeira diagonal é ascendente no peito e o rolo da ligadura depois de passar no ombro, desce pela face posterior e sobe pela anterior do braço para em seguida fazer uma diagonal descendente no dorso.
Conclui-se como no lado direito.

Os italianos utilizam, para a execução desta ligadura, a técnica seguinte:
Posição:


membro na mesma posição da anterior.
Inicia-se por três circulares horizontais ao nível do cotovelo, fixando o membro ao tórax. Concluídas estas, o rolo da ligadura sobe no dorso até ao ombro, a rasar o pescoço, desce até ao cotovelo que contorna, para seguir pela face lateral do hemi-torax e dar início a uma circular horizontal mais alta do que as primeiras iniciais. Repete-se este percurso, fazendo circulares verticais que passam pelo ombro e pelo cotovelo afastando-se para o bordo do ombro. Por cada uma destas circulares verticais, faz-se uma circular horizontal, que vão subindo, até que as terminais circundem o tronco ao nível do bordo do ombro, mão doente e axila do lado são





De: Manual de Fraturas
J.Crawford Adams 6º edição 1976


Enfaixamento em oito (cruzado posterior)

A maioria das fraturas é causada por queda sobre a mão estendida. A localização mais comum é na transição entre os terços médio e lateral. A fratura próxima do terço médio ocorre com menos frequência. Havendo desvio, como é, habitual, o fragmento lateral coloca-se inferior e medialmente.

Tratamento:


Corrige-se o desvio, o máximo possível pelo simples método de manter os ombros traccionados para trás, por meio de um enfaixamento em oito.
Raramente é possível conseguir uma redução perfeita dos fragmentos, todavia desvios moderados não impedem a consolidação e podem ser aceites. Inicialmente o braço é colocado em repouso pela imobilização, mas tão logo a dor comece a ceder são iniciados exercícios activos para o ombro, geralmente ao redor de uma semana após traumatismo.
O enfaixamento em oito, utilizado para manter os ombros voltados para trás, no caso de fractura da clavícula, é retirado após duas semanas.
As fracturas da clavícula consolidam rapidamente e a única incapacidade residual comum é uma irregularidade óssea palpável ou visível no local da fractura

9 comentários:

fv disse...

já estão disponíveis as fotos do encontro de enfermeiros de sala de gessos, no Rio Douro, na pagina da sevenprof.com

Anónimo disse...

Venho por este meio, pedir esclarecimento em:
-Como é que é feita a imobilização do ombro, depois de ter sofrido uma intervenção cirúrgica?
Cumprimentos.
Luis Fonseca.

fv disse...

Caro amigo, obrigado pela visita ao meu blog e pelo interesse demonstrado. em relação á questão que me põe, após uma cirurgia do ombro dependerá do tipo de cirurgia e do repouso que se pretenda dar a articulação, se pretendemos um repouso completo do ombro, como exemplo uma transposição de tendões é indicado um gesso toracobraquial que envolve a região toraccica e todo o membro superior, para uma cirurgia da clavícula, protese da cabeça do umero e mesmo terço proximal entre outras que se pretenda uma imobilização temporária de duas a tres semanas,o velpeau/gerdy para evitar os movimentos de elevação e abdução do membro superior. Para uma cirurgia do ombro, como uma descompressão de Neear ou que se pretenda dar repouso a articulação do ombro por um periodo breve e se permita os movimentos assistidos do ombro é aconselhado um suporte suspensor do mebro superior com banda torácica amovível, ortotese de venda em farmácias ou casas da especialidade de ortopedia, permite ser retirada para execução do penso e higiene corporal. espero ter respondido de uma forma muito breve á sua duvida, os meus cumprimentos

Anónimo disse...

BOM DIA GOSTARIA DE SABER SE AINDA É UTILISADO O ENFAIXAMENTO EM 8.POIS TENHO UM PROFESSOR QUE JURA QUE NÃO EXISTE.POR FAVOR RESPONDA COM URGENCIA

fv disse...

Só hoje tive oportunidade de responder.
Infelizmente, digo eu, ainda se usa o cruzado posterior nas fracturas da clavícula, com todos os riscos previstos de compromisso neurovascular e desconforto para o doente.Autores aconselham para estas fracturas sen indicação cirurgica apenas um "velpeau" ou mesmo um suspensor do membro superior com banda torácica.
Há no mercado excelentes e bem almofadadas ortoteses que substituem eficazmente o cruzado posterior, com boa aceitação dos clientes e sem provocar compromisso neurovascular, apenas um senão, como é amovível, pode ser retirado e instabilizar o processo normal de formação do calo ósseo, podendo levar á pseudoartrose.
agradeço o pedido de esclarecimento,sempre ao dispor

Anónimo disse...

ola trabalho num setor de urgencia e emergencia e temos um profissional capacitado para auxiliar o ortopedista nos procedimentos necessarios de acordo com a demanda, porem surgiu o interesse em saber a origem da terminologia velpeau. busquei fontes na internet e nao achei a origem do nome. alguem pderia me dizer. desde ja agradeço. enfª solange

Anónimo disse...

Ola bom dia.
Gostaria de saber em que tipo de lesão se usa o velpeau. Pode ser usado tanto nas fracturas como nas luxações?

Desde ja agradço.
Susana Rodrigues

fv disse...

bom dia, obrigado pela sua visita ao meu blog.
De uma forma muito breve, posso informá-la que as imobilizações de velpeau e de Gerdy podem ser utilizadas para uma fractura do terço médio do úmero, da cabeça umeral, da clavícula e da omoplata. estas ligaduras pretendem dar repouso ao segmento corporal, evitando os movimentos de elevação, rotação e abdução do ombro.Como complemento de uma imobilização rígida (a tala em U)para as fracturas do úmero.
penso ter ajudado,

Anónimo disse...

boa tarde, soube da existencia deste blogue no congresso do porto e desde ja quero felicitá-lo por ele, esta muito bem conseguido e fornece informações muito pretinentes para quem tem interesse na área. é dificil encontrar informações fiaveis, e com um espaço destes podemos descuti-las e aumentar o nosso conhecimento e a melhoria das praticas de enfermagem.