
Apontamentos das lições sobre ligaduras segundo o programa das Escolas de Enfermagem
Por José Pinto Teles - monitor chefe da Escola de Enfermagem do Doutor Ângelo da Fonseca - 2º edição actualizada
No ensino, a prelecção, a demonstração e a técnica são elementos fundamentais; mas por si sós, não bastam à educação perfeita dos alunos. É indispensável a leitura.
Doutor Ângelo da Fonseca
Ligadura de Gerdy
Material - Duas ligaduras de 10mx15cm
Técnica
(para o membro superior direito)
- Membro em ângulo recto, encostado ao peito.
1º Tempo: inicia-se por tês circulares sobrepostas passadas em torno do tórax e por cima do braço direito para fixar de encontro ao peito. Depois destas concluídas dá-se inicio ao:
2º Tempo: três diagonais de suspensão do antebraço que se executam pela técnica seguinte: conduz-se o rolo por debaixo do cotovelo até atingir o punho do ante braço doente; a partir daqui sobe em diagonal ao ombro do lado oposto, desce obliquamente pelo dorso até atingir o meio do ante braço; fazer a segunda volta de suspensão, num percurso igual à primeira; a terceira passa pelo cotovelo e segue a mesma trajectória das duas primeiras.
Concluídos estes dois tempos, dá-se início ao
3º Tempo: três oitos de suspensão e fixação do braço que seguem o percurso seguinte: a ligadura que está no dorso, caminha para a frente e faz nela meia circular na parte média da face anterior do tórax, a cobrir o braço direito. Em chegando à face lateral do hemitórax oposto sobe em oblíquo ao ombro direito, desce pela face anterior do braço até ao cotovelo, que contorna, e sobe ao ombro onde cruza com a passada descendente. Do ombro segue em diagonal para o hemitorax do lado esquerdo onde vai encontrar o início deste oito toraco-braqueal.
Repete-se este percurso dando-se mais duas voltas em oito que fazem espiga do ombro, de fora para dentro.
Conclui-se com o
4º tempo: três ou quatro circulares horizontais e oblíquas que devem, ao longo do braço, cobrir o algodão.
Técnica
- Membro em ângulo recto, encostado ao peito.
1º Tempo: inicia-se por tês circulares sobrepostas passadas em torno do tórax e por cima do braço direito para fixar de encontro ao peito. Depois destas concluídas dá-se inicio ao:
2º Tempo: três diagonais de suspensão do antebraço que se executam pela técnica seguinte: conduz-se o rolo por debaixo do cotovelo até atingir o punho do ante braço doente; a partir daqui sobe em diagonal ao ombro do lado oposto, desce obliquamente pelo dorso até atingir o meio do ante braço; fazer a segunda volta de suspensão, num percurso igual à primeira; a terceira passa pelo cotovelo e segue a mesma trajectória das duas primeiras.
Concluídos estes dois tempos, dá-se início ao
3º Tempo: três oitos de suspensão e fixação do braço que seguem o percurso seguinte: a ligadura que está no dorso, caminha para a frente e faz nela meia circular na parte média da face anterior do tórax, a cobrir o braço direito. Em chegando à face lateral do hemitórax oposto sobe em oblíquo ao ombro direito, desce pela face anterior do braço até ao cotovelo, que contorna, e sobe ao ombro onde cruza com a passada descendente. Do ombro segue em diagonal para o hemitorax do lado esquerdo onde vai encontrar o início deste oito toraco-braqueal.
Repete-se este percurso dando-se mais duas voltas em oito que fazem espiga do ombro, de fora para dentro.
Conclui-se com o
4º tempo: três ou quatro circulares horizontais e oblíquas que devem, ao longo do braço, cobrir o algodão.
Técnica
(para o membro superior esquerdo)
- técnica idêntica à anteriormente descrita. Há apenas que alternar a posição do rolo da ligadura.
Enquanto no braço direito o rolo caminha da esquerda para a direita, isto é, a ponta inicial na mão esquerda e rolo na direita, para o membro esquerdo o rolo caminha da direita para a esquerda - ponta inicial na mão direita e rolo na mão esquerda.
Concluído o Gerdy, é indispensável suspender a mão doente com um lenço pequeno, que se fixa à ligadura.
Ligadura de Velpeau
Ligadura utilizada na imobilização das fracturas da clavícula.
Material- Duas ligaduras de 10m x 0,15m
Posição do membro – membro superior flectido em ângulo agudo, encostado ao peito e com os dedos da mão (do lado doente) apoiados à clavícula do lado contrário.
Técnica (do braço direito)
- técnica idêntica à anteriormente descrita. Há apenas que alternar a posição do rolo da ligadura.
Enquanto no braço direito o rolo caminha da esquerda para a direita, isto é, a ponta inicial na mão esquerda e rolo na direita, para o membro esquerdo o rolo caminha da direita para a esquerda - ponta inicial na mão direita e rolo na mão esquerda.
Concluído o Gerdy, é indispensável suspender a mão doente com um lenço pequeno, que se fixa à ligadura.
Ligadura de Velpeau
Ligadura utilizada na imobilização das fracturas da clavícula.
Material- Duas ligaduras de 10m x 0,15m
Posição do membro – membro superior flectido em ângulo agudo, encostado ao peito e com os dedos da mão (do lado doente) apoiados à clavícula do lado contrário.
Técnica (do braço direito)
- Inicia-se por três circulares horizontais ao nível do cotovelo, a fixar o membro doente de encontro ao tórax.
Concluídas estas circulares e a partir da face lateral do hemi-torax esquerdo, o rolo sobe no dorso em diagonal até ao bordo externo do ombro, desce ao longo da face anterior, contorna o cotovelo, sobe pela face posterior do braço até ao ombro, onde cruza a passada precedente, para em seguida descer em diagonal no peito até a o inicio do oito.
A partir daqui faz-se uma circular horizontal e uma vez esta concluída dá-se início a outro oito no percurso do primeiro; no ombro cruza e faz espiga de fora para dentro, isto é, do bordo do ombro para o pescoço.
Cada um destes oitos é seguido de uma circular horizontal.
Feitos pelo menos três oitos e três circulares horizontais, termina-se a ligadura com duas circulares a sobrepor as iniciais.
Técnica (para o braço esquerdo)
Concluídas estas circulares e a partir da face lateral do hemi-torax esquerdo, o rolo sobe no dorso em diagonal até ao bordo externo do ombro, desce ao longo da face anterior, contorna o cotovelo, sobe pela face posterior do braço até ao ombro, onde cruza a passada precedente, para em seguida descer em diagonal no peito até a o inicio do oito.
A partir daqui faz-se uma circular horizontal e uma vez esta concluída dá-se início a outro oito no percurso do primeiro; no ombro cruza e faz espiga de fora para dentro, isto é, do bordo do ombro para o pescoço.
Cada um destes oitos é seguido de uma circular horizontal.
Feitos pelo menos três oitos e três circulares horizontais, termina-se a ligadura com duas circulares a sobrepor as iniciais.
Técnica (para o braço esquerdo)
– Inicia-se com circulares, como na anterior.
A primeira diagonal é ascendente no peito e o rolo da ligadura depois de passar no ombro, desce pela face posterior e sobe pela anterior do braço para em seguida fazer uma diagonal descendente no dorso.
Conclui-se como no lado direito.
Os italianos utilizam, para a execução desta ligadura, a técnica seguinte:
Posição:
A primeira diagonal é ascendente no peito e o rolo da ligadura depois de passar no ombro, desce pela face posterior e sobe pela anterior do braço para em seguida fazer uma diagonal descendente no dorso.
Conclui-se como no lado direito.
Os italianos utilizam, para a execução desta ligadura, a técnica seguinte:
Posição:
membro na mesma posição da anterior.
Inicia-se por três circulares horizontais ao nível do cotovelo, fixando o membro ao tórax. Concluídas estas, o rolo da ligadura sobe no dorso até ao ombro, a rasar o pescoço, desce até ao cotovelo que contorna, para seguir pela face lateral do hemi-torax e dar início a uma circular horizontal mais alta do que as primeiras iniciais. Repete-se este percurso, fazendo circulares verticais que passam pelo ombro e pelo cotovelo afastando-se para o bordo do ombro. Por cada uma destas circulares verticais, faz-se uma circular horizontal, que vão subindo, até que as terminais circundem o tronco ao nível do bordo do ombro, mão doente e axila do lado são
De: Manual de Fraturas
J.Crawford Adams 6º edição 1976
Enfaixamento em oito (cruzado posterior)
A maioria das fraturas é causada por queda sobre a mão estendida. A localização mais comum é na transição entre os terços médio e lateral. A fratura próxima do terço médio ocorre com menos frequência. Havendo desvio, como é, habitual, o fragmento lateral coloca-se inferior e medialmente.
Tratamento:
Inicia-se por três circulares horizontais ao nível do cotovelo, fixando o membro ao tórax. Concluídas estas, o rolo da ligadura sobe no dorso até ao ombro, a rasar o pescoço, desce até ao cotovelo que contorna, para seguir pela face lateral do hemi-torax e dar início a uma circular horizontal mais alta do que as primeiras iniciais. Repete-se este percurso, fazendo circulares verticais que passam pelo ombro e pelo cotovelo afastando-se para o bordo do ombro. Por cada uma destas circulares verticais, faz-se uma circular horizontal, que vão subindo, até que as terminais circundem o tronco ao nível do bordo do ombro, mão doente e axila do lado são
De: Manual de Fraturas
J.Crawford Adams 6º edição 1976
Enfaixamento em oito (cruzado posterior)
A maioria das fraturas é causada por queda sobre a mão estendida. A localização mais comum é na transição entre os terços médio e lateral. A fratura próxima do terço médio ocorre com menos frequência. Havendo desvio, como é, habitual, o fragmento lateral coloca-se inferior e medialmente.
Tratamento:
Corrige-se o desvio, o máximo possível pelo simples método de manter os ombros traccionados para trás, por meio de um enfaixamento em oito.
Raramente é possível conseguir uma redução perfeita dos fragmentos, todavia desvios moderados não impedem a consolidação e podem ser aceites. Inicialmente o braço é colocado em repouso pela imobilização, mas tão logo a dor comece a ceder são iniciados exercícios activos para o ombro, geralmente ao redor de uma semana após traumatismo.
O enfaixamento em oito, utilizado para manter os ombros voltados para trás, no caso de fractura da clavícula, é retirado após duas semanas.
As fracturas da clavícula consolidam rapidamente e a única incapacidade residual comum é uma irregularidade óssea palpável ou visível no local da fractura
Raramente é possível conseguir uma redução perfeita dos fragmentos, todavia desvios moderados não impedem a consolidação e podem ser aceites. Inicialmente o braço é colocado em repouso pela imobilização, mas tão logo a dor comece a ceder são iniciados exercícios activos para o ombro, geralmente ao redor de uma semana após traumatismo.
O enfaixamento em oito, utilizado para manter os ombros voltados para trás, no caso de fractura da clavícula, é retirado após duas semanas.
As fracturas da clavícula consolidam rapidamente e a única incapacidade residual comum é uma irregularidade óssea palpável ou visível no local da fractura
9 comentários:
já estão disponíveis as fotos do encontro de enfermeiros de sala de gessos, no Rio Douro, na pagina da sevenprof.com
Venho por este meio, pedir esclarecimento em:
-Como é que é feita a imobilização do ombro, depois de ter sofrido uma intervenção cirúrgica?
Cumprimentos.
Luis Fonseca.
Caro amigo, obrigado pela visita ao meu blog e pelo interesse demonstrado. em relação á questão que me põe, após uma cirurgia do ombro dependerá do tipo de cirurgia e do repouso que se pretenda dar a articulação, se pretendemos um repouso completo do ombro, como exemplo uma transposição de tendões é indicado um gesso toracobraquial que envolve a região toraccica e todo o membro superior, para uma cirurgia da clavícula, protese da cabeça do umero e mesmo terço proximal entre outras que se pretenda uma imobilização temporária de duas a tres semanas,o velpeau/gerdy para evitar os movimentos de elevação e abdução do membro superior. Para uma cirurgia do ombro, como uma descompressão de Neear ou que se pretenda dar repouso a articulação do ombro por um periodo breve e se permita os movimentos assistidos do ombro é aconselhado um suporte suspensor do mebro superior com banda torácica amovível, ortotese de venda em farmácias ou casas da especialidade de ortopedia, permite ser retirada para execução do penso e higiene corporal. espero ter respondido de uma forma muito breve á sua duvida, os meus cumprimentos
BOM DIA GOSTARIA DE SABER SE AINDA É UTILISADO O ENFAIXAMENTO EM 8.POIS TENHO UM PROFESSOR QUE JURA QUE NÃO EXISTE.POR FAVOR RESPONDA COM URGENCIA
Só hoje tive oportunidade de responder.
Infelizmente, digo eu, ainda se usa o cruzado posterior nas fracturas da clavícula, com todos os riscos previstos de compromisso neurovascular e desconforto para o doente.Autores aconselham para estas fracturas sen indicação cirurgica apenas um "velpeau" ou mesmo um suspensor do membro superior com banda torácica.
Há no mercado excelentes e bem almofadadas ortoteses que substituem eficazmente o cruzado posterior, com boa aceitação dos clientes e sem provocar compromisso neurovascular, apenas um senão, como é amovível, pode ser retirado e instabilizar o processo normal de formação do calo ósseo, podendo levar á pseudoartrose.
agradeço o pedido de esclarecimento,sempre ao dispor
ola trabalho num setor de urgencia e emergencia e temos um profissional capacitado para auxiliar o ortopedista nos procedimentos necessarios de acordo com a demanda, porem surgiu o interesse em saber a origem da terminologia velpeau. busquei fontes na internet e nao achei a origem do nome. alguem pderia me dizer. desde ja agradeço. enfª solange
Ola bom dia.
Gostaria de saber em que tipo de lesão se usa o velpeau. Pode ser usado tanto nas fracturas como nas luxações?
Desde ja agradço.
Susana Rodrigues
bom dia, obrigado pela sua visita ao meu blog.
De uma forma muito breve, posso informá-la que as imobilizações de velpeau e de Gerdy podem ser utilizadas para uma fractura do terço médio do úmero, da cabeça umeral, da clavícula e da omoplata. estas ligaduras pretendem dar repouso ao segmento corporal, evitando os movimentos de elevação, rotação e abdução do ombro.Como complemento de uma imobilização rígida (a tala em U)para as fracturas do úmero.
penso ter ajudado,
boa tarde, soube da existencia deste blogue no congresso do porto e desde ja quero felicitá-lo por ele, esta muito bem conseguido e fornece informações muito pretinentes para quem tem interesse na área. é dificil encontrar informações fiaveis, e com um espaço destes podemos descuti-las e aumentar o nosso conhecimento e a melhoria das praticas de enfermagem.
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